Wednesday, May 11, 2011

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Procurei o sol.
Nele vieram dias, momentos e emoções felizes, veio a esperança, a verdadeira simplicidade das situações inexplicáveis que nos prendem apenas àquele presente. Queria tudo e o sol cumpria cada um dos meus desejos, era fácil, bastava-lhe brilhar e logo os meus olhos respondiam a cada reflexo, a cada movimento de rotação da terra, nós rodávamos também. Numa roda de desejos, corpo contra corpo, mente contra mente, coração sobre coração, nisso ambos sabíamos ser um para o outro, um brilho não apagava o outro, apesar da distância inconclusiva que nos separava, havia um ponto em que nos podíamos encontrar sempre, todos os dias no pico da madrugada e antes do anoitecer, ele descia à Terra e eu corria ao seu encontro livre, espontaneamente e sem hesitar.

Não pensávamos no futuro. Para quê fazê-lo? Havia apenas a certeza de que todos ”os nasceres e pores” do dia bastavam, eram todos momentos, os únicos momentos em que não duvidávamos de nada

Mas a noite sempre vinha.

E eu ficava sozinha, vinha o escuro e as dúvidas e a incoerência de pensamentos que me faziam, não ter certezas sobre o sol. Tão distante, tão perto e no fundo tão longe. Uma barreira física e imortal de razões nos separavam de tudo aquilo que nos unia em todas aquelas alturas do dia. Era noite, e na escuridão senti-me só pela primeira vez. A Lua tentava fazer-me companhia, aguentar-se comigo até ao amanhecer. Mas eu apenas fechava os olhos, porque a melhor maneira de enfrentar a escuridão, era através do meu querer, torná-la total.

Os dias e as noites seguiam-se, e os o amanheceres eram tão ou menos suficientes, que cada vez que a noite chegava. Os desejos eram substituídos pela necessidade de ter, pelo precisar de cada sensação fora da horas, viver cada emoção de cada vez tornou se doloroso, ter o sol mas não ter deixou de ser suficiente.
Mas quem podia imaginar algo diferente? O Sol, só no seu nome era tudo menos de alguém, era o brilho para todos e sempre seria assim, e eu poderia sempre amá-lo poderia sempre olhá-lo todos os dias, vê-lo e senti-lo como toda a gente o sentia, e o calor bastava. O Sol nunca poderia ser meu, e eu nunca poderia querer ser dele.

O Sol apenas se entregava à Lua, de anos a anos, noite e dia, um eclipse único, uma entrega total.

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